46ª Casa de Criadores - Inverno 2020 - O post definitivo

As montagens realizadas pelo Dândi Moderno estão em ordem alfabética. A exceção é da Estamparia Social, que por um deslize estava como "Social" no nome do arquivo indo para o final da lista!

Alex Kazuo e Bispo dos Anjos (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

Presta atenção que é pro meu TCC, quase sempre quando "descobrem" o meu currículo em moda eu não consigo escapar de duas perguntinhas trágicas:

1) Nossa você deve ficar avaliando o look de todo mundo o tempo todo né? Como é que tá meu look, eu tô bem?

2) Aff, quem é que usa essas roupas dos desfiles?


Bold Strap e Dario Mittmann (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

A resposta para a primeira pergunta eu terei muito prazer de te responder se um dia nos encontrarmos pessoalmente e você tiver ousadia de perguntar e coragem para ouvir, rsrs!!!

Já a segunda não é tão simples assim, e cabe perfeitamente neste post sobre a Casa de Criadores, porque na realidade ela não tem uma resposta única e correta ou pronta e sim um roteiro de análise que auxilia no entendimento dessa perguntas.

David Lee e Diego Fávaro (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

Vou tentar explicar melhor, na maior parte das vezes os desfiles apresentam roupas que não estão prontas para serem usadas nas ruas, não porque não estão "materialmente" acabadas e sim porque elas ainda estão explicando um conceito, uma proposta ou uma idéia da marca ou estilista. Existem também muitos profissionais que estão envolvidos antes da passarela, como o diretor criativo, o estilista, o stylist, maquiadores, cabeleireiros, além de todo um staff, para entregar no desfile tudo o que foi imaginado.

Diego Gama e Felipe Fanaia (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

Por outro lado, também já tivemos a oportunidade de assistir os desfiles considerados mais ready to wear, comerciais que estão prontinhos para sair dali para as araras das lojas e posteriormente para o guarda-roupa dos clientes.

Mas como eu considero a Casa de Criadores então?

Ela é a temporada mais livre, sem rótulos e sem pretensões que temos atualmente no Brasil, o que nos proporciona essa multilaridade de percepções, vemos desfiles conceituais, desfiles comerciais, performances, protestos, propostas ricas, liberdade criativa, propostas rasas, coisas ruins. E por isso também é tão difícil e raro fazer um texto sobre as tendências apresentadas na Casa de Criadores. 

Igor Dadona e Jorge Feitosa (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

Aí chegamos num outro aspecto essencial, a qualidade do desfile depende muito do objetivo do estilista, de como ele conseguiu representar a sua idéia, qual é o público alvo da marca ou da coleção, entre outros pontos de partida relacionados. 

É impossível chegar a um resultado bacana se a proposta que você quer explicar é pobre ou mediana. (vale pra vida também)
Voltando, então quando eu escuto essa pergunta normalmente eu devolvo: que desfile? que roupa? que gente? você é cliente da marca ou conhece o público alvo? Normalmente o assunto acaba alí mesmo, hehe!


Martins e Mateus Cardoso (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

Normalmente eu não escrevo sobre eventos que eu não vou, até para manter uma coerência entre opinião e realidade. Quanto mais próximo você estiver do fato analisado melhor será sua avaliação a respeito dele. Mas como essa edição ocorreu na semana da Black Friday e Deus é testemunha (+ de 200 pessoas também são) do quanto eu trabalhei durante a semana da Black... eu me permiti.

Pontos positivos desta temporada: mesmo com a longevidade do evento ainda consegue entregar novidades interessantes e é disparada a maior vitrine de moda masculina de vanguarda do país (nessa seleção de fotos você encontra 16 looks mais incríveis das marcas participantes, para o bem ou para o mal).

Destaques: Jorge Feitosa, David Lee, Martins

Not Equal e Rafael Caetano (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

Pontos negativos: precisa exercitar o poder de edição, são apresentadas marcas demais e como não existem amarras criativas o foco acaba se perdendo e mensagem importantes acabam ficando prejudicadas. Eu odeio a banalização do "Menos é mais" mas neste caso acho que se encaixa.

Podem melhorar: algumas marcas estão presas em um desfile infinito que já duram várias edições e confundem DNA com falta de criatividade, dá pra melhorar isso aí. A falta de fechamento do ciclo da moda que é poder ver nas ruas pessoas usando o desdobramento comercial das marcas participantes, sendo vendidas na internet ou em pontos físicos é um fator muito importante, desfile pelo desfile não é moda. Nudez gratuita também começa a incomodar, não podem transformar a moda masculina em desfile de p** e bund*, que nem algumas festejadas publicações focados nos "tanquinhos" dos brasileiros, mas esse é uma militada para um próximo post.

To parecendo um Coach Fashion, Deus me Free, rsrs!

Rodrigo Evangelista e Estamparia Social (Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite)

Concluindo, a Casa de Criadores é a temporada de moda mais necessária da atualidade, com seus prós, seus contras, sua resistência, sua esperança e sua maturidade. Já estou ansioso pela próxima edição.

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