Por que procurar Moda do outro lado do Atlântico?


Milão, fashion week inverno 2011

Se pensarmos apenas em Moda já estaríamos séculos atrasados em relação à Europa, literalmente. Se restringirmos um pouco mais o assunto para Moda Masculina, aí sim estaremos milênios atrasados.

Eles (os europeus) já pararam de vender produtos há muito tempo, eles vendem experiências, shows, sonhos, auto-estima, glamour, status, realização: eles vendem tudo aquilo que queremos e que achávamos que o dinheiro não pode comprar.

Já resolveram assuntos ligados à sexualidade - desde o básico homem não gosta de moda porque é fútil até o complexo moda não é sinal de macheza - ao consumo, ao mercado, à elegância. Não existem mais tendências, atualmente o abotoamento duplo, o preto e as cores fortes, a silhueta seca e confortável, dividem e concorrem por espaço e aprovação dos expectadores no mesmo desfile, na mesma temporada, nas lojas e nas ruas, eles oferecem tudo , você usa o que mais gosta, se identifica, acredita. É uma liberdade condicionada, mais é mais liberdade do que se tinha antes.

Além disso, nós mortais que vislumbramos o Olimpo europeu com sede de consumo, nos cabe aguardar mais de um ano e meio para que pudéssemos comprar ou usar uma de suas criações aqui no inverno brasileiro, sim amigos, eles fazem o desfile com um ano de antecedência, quando eles tiverem lançando a coleção deles no início de 2012, nós ainda teremos que aguardar até julho, para que o inverno chegue aqui no hemisfério sul, e consequentemente na Zara mais próxima.

Ao mesmo tempo em que percebe-se que cada vez menos o inverno é rigoroso no Brasil, e as quatro estações teimam em se manifestar todas juntinhas no mesmo dia! Seria mais inteligente fazer uma coleção todinha de capas de chuva e galochas.

Então por que olhamos para o outro lado do Atlântico para ver os lançamentos de Moda Masculina que não nos servem, que não são nossa realidade cultural, climática e financeira?

Porque somos bombardeados pela mídia, pela TV, internet, os blogs e cada vez mais conseguem plantar a sementinha da moda em nossos pensamentos, ou somos picados pelo bichinho da moda que tem o poder de encantar, seduzir e ludibriar nossas idéias e vontades, mas somente por 6 meses, pois naquele momento você será picado por outro, e outro e outro... e tem muita gente com “credencial” mas não com inteligência, que fica reverenciando tudo o que é feito no exterior, tsc, tsc.

Isso é ruim então? Sim e não. Mas temos que começar a entender e valorizar os contextos, comparar pura e superficialmente a moda brasileira com a européia é infantil e bobo. Mas enquanto ainda digerimos tudo isso e criamos uma consciência mais profunda sobre o assunto, vamos admirar o que eles sabem fazer tão bem.
Acho que eu não consegui concluir, e nem era a minha intenção.  :D










Imagens: MenStyle.com

Comentários

  1. aplausos, de pé!
    perfeito texto
    perfeita análise!

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  2. Reflexão interessante. Tudo na moda é efémero, independentemente do hemisfério em que se viva, apenas nós podemos ser fiéis a nós próprios, mesmo que andemos sempre a par da moda, ela é tão feia que tem que ser, reposta, de seis em seis meses, e nesse espaço de tempo, o próprio Mundo muda, e com ele cada um de nós também muda, o que era in, logo logo passa a ser out! E neste desfile infinito de vaidades, somos escravos no fundo do fenómeno da moda...

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  3. Mamedes, vc já visitou o 'Stamos Kilts!

    Costumo traçar inúmeras reflexões lá

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